Professores, alunos e demais trabalhadores da unidade de ensino estão engajados no aprendizado
Referência em inclusão social no município. A Escola Professor “Paschoal Visconti”, localizada no Bairro Garcias, realiza importante trabalho de ensino da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Em 2019, professores, alunos e demais trabalhadores atuantes na unidade escolar estão engajados no aprendizado da linguagem. “Para a inclusão acontecer, todos devem caminhar juntos”, afirma a diretoria da escola.
Esse trabalho é executado por conta da condição do aluno Vinícius Camargo, do 3º ano, que possui deficiência auditiva, mas se comunica perfeitamente com todos na escola. “Colegas, merendeiras e monitores. Aqui todos sabem libras. A escola se integrou a ele. Isso só ocorre de verdade quando temos essa parte humana. Precisamos nos colocar no lugar da criança”, destaca a diretoria.
O local tem ampla sinalização em libras para facilitar a comunicação de todos. A mãe do aluno, Daniela Camargo, aprova a abordagem realizada. “Fui até a fonoaudióloga e mostrei o trabalho da escola. Ela disse que estão de parabéns. Meu filho passa na Genética (especialidade médica) e ela me perguntou se ele sofre bullyng. Eu disse que não, pois a unidade trabalha muito com as crianças. Aqui elas o tratam como um ouvinte”, garante.
A preocupação da escola tem chamado a atenção da Administração Municipal. “O diferencial dessa abordagem é que a inclusão não vem a integrar o Vinícius aos demais, mas sim integrar os demais alunos a realidade do Vinícius”, enfatiza a Prefeitura.
A Coordenação da escola relata que Vinícius é um ótimo aluno. “Ele apresenta resultados excelentes. Se não fecha com 9,0 ele fecha com 10,0”, aponta representante do setor. Esses números são possíveis graças as apostilas em libras oferecidas pela escola. “Faz muita diferença, pois antes das libras ele só copiava. Hoje eu sei que ele entende”, afirma a mãe do garoto.
Perguntado sobre sua matéria favorita, Vinícius afirma ser artes, mas é nos cálculos que ele tem se destacado. “Vejo o desempenho dele em matemática e observo uma mente com capacidades incríveis. Se eu não tivesse o conhecimento em libras jamais conseguiria entender”, relata monitora escolar voluntária no ensino de libras. Ela está na unidade de ensino desde 2018. “É uma grande experiência com o Vi. Diariamente ele se mostra capaz de superar todos os limites”, complementa.
A educadora conta sua motivação para aprender língua de sinais. “Em 2011, entrou uma pessoa com deficiência auditiva na igreja e tentou falar comigo. Eu não consegui me comunicar para explicar o que ocorria ali naquele momento. A pessoa saiu e nunca mais voltou ao local”, discorre. Desde então ela passou a estudar e se atualizar ano após ano. “Coloquei isso no meu coração”, acrescenta.
Além do empenho da Escola, a causa recebe todo o apoio necessário da Secretaria de Educação, Cultura, Esportes e Lazer. “Oferecemos o Atendimento Educacional Especializado (AEE) em libras semanalmente para esses alunos. O atendimento é individualizado e trabalha as habilidades necessárias para o melhor desenvolvimento do estudante em sala de aula”, confirma a Secretaria.
De acordo com o setor, existem outros dois casos na Rede Municipal de Ensino. “Eles também já recebem acompanhamento. Um está em processo de aprendizagem das libras e vai ser integrado na sala de aula com auxílio de interprete. A família do outro estudante optou pela abordagem oralista”, salienta.
Para a diretoria da “Paschoal Visconti”, o ideal é que as libras passem a ser uma matéria na matriz curricular. “Meu sonho é que eles saiam da escola, vejam uma placa escrita lá fora e saibam identificar o que está escrito. Que cheguem num ponto de ônibus e consigam se comunicar. Assim como exigem o inglês, deveriam ensinar libras”, relata.
Desde 2002, a Libras é reconhecida por lei como uma língua oficial do país. Em Piedade, toda demanda da educação inclusiva é atendida. “Aqui conseguimos auxiliar pontualmente todos os nossos alunos desse público-alvo. A escola deve ser a principal esfera de preocupação para favorecer a plena participação da pessoa com deficiência nas mais diversas instâncias”, finaliza a Secretaria de Educação.